Hífen
(Acordo Ortogràfico da Lìngua Portuguesa; Manual de redação oficial e diplomática do Itamaraty; Manual editorial do Ipea)
As sucessivas reformas ortográficas e, sobretudo, o uso da língua portuguesa tem evidenciado uma tendência contínua à diminuição do emprego do hífen, com seu uso se restringindo a compostos eventuais (“encontrei-os”, “ser-me-á”, “Acordo MERCOSUL-União Europeia”, “eixo Brasília-Lisboa”, “anti-ISIS”, etc.).
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, obrigatório no Brasil desde 1º de janeiro de 2016, determina que, “nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen”.
Não usar hífen
Não devem ser usados hífens, por exemplo, nos nomes (por extenso) dos números (seiscentos e vinte e um mil, oitocentos e vinte e dois; décimo terceiro; tricentésimo vigésimo primeiro; um quarto; dois quintos; um e meio).
Tampouco devem levar hifens, entre outras, as seguintes expressões ou locuções: acordo de livre comércio, aeroespacial, afrodescendente, agroindústria, agropecuária, ajudante de ordens, almirante de esquadra, alto comissariado, alto representante, ano novo, anteontem, antiaéreo, antimíssil, antirreligioso, antissocial, à parte (locução adverbial, que se distingue do substantivo aparte), assembleia geral (exceção à regra das expressões com "geral", que levam hífen), à toa, autoestrada, autorregulação, à vontade, boa sorte, bom dia, bom senso, boa tarde, boa noite, bom senso, bons ofícios, brigadeiro do ar, caixa eletrônico, caixa postal, capitão de fragata, capitão de mar e guerra, carta credencial, carta revogatória, carta rogatória, cidade sede, circular telegráfica, coautor, coerdeiro, cogestão, conta corrente, contracheque, contraindicação, contraofensiva, contrassenha, coobrigação, cooperação, coordenar, correio eletrônico, despacho telegráfico, dia a dia, dona de casa, encarregado de negócios, Estado membro, Estados membros, Estado parte, Estados partes, eurocentrismo, eurodeputado, extraoficial, extraoficialmente, extrarregional, extrema direita, extrema esquerda, febre amarela, fim de século, fim de semana, general de brigada, general de divisão, general de exército, greve geral, homem bomba, hora extra, horas extras, infantojuvenil, infraestrutura, intrarregional (mas inter-regional), intranacional, limpeza geral, livre comércio, livre mercado, lua de mel, lusofonia, malgrado, malvisto, mandachuva, mandato tampão, meia(s) palavra(s), membros não permanentes, microempresa, mão de obra, multissetorial, não agressão, não beligerante, não proliferação, não violência, neoidealismo, neoimprerialismo, neoliberalismo, neorrealismo, organização não governamental, papel ofício, paraquedas, paraquedismo, paraquedista, passatempo, plurianual, plurissetorial, ponto de interrogação, ponto de vista, ponto e vírgula, pôr do sol, preestabelecer, presidente eleito, proativo, professor assistente, quase equilíbrio, radiouvinte, reelaborar, residência funcional, residência oficial, reunião geral, sala de jantar, salário mínimo, semiárido, sequestro relâmpago, sobreaquecer, sobreaquecimento, socioeconômico, subaquático, subchefe, subchefia, superaquecer, superaquecimento, tão só, tão somente, traje passeio.
Para fins de padronização, também as formas compostas por letras e números deverão ser escritas sem hífen: G20 (não G-20, nem G 20), assim como A380, A4, CMP11, COP22, 3D, E190, G4, G7, G8, G20, G77, etc.
Escrevem-se em português sem hífen os países: “a Bósnia e Herzegovina”, “o Congo Brazzaville”, “o Congo Kinshasa”, “a Guiné Conakry”, “a Guiné Equatorial”, “a Papua Nova Guiné”, “Trinidad e Tobago”, etc.
Da mesma forma, os nomes de cidades dispensam o hífen: “Andorra la Vella”; “Adis Abeba”; “Dar es Salaam”; “Hong Kong”; “Kuala Lumpur”; “Jerusalém Leste”, “Jerusalém Oeste”, “Nova Delhi”; “Nova York”; “Phnom Penh”; “Porto Príncipe”; “Saint George's” (capital de Granada); “Saint John's” (capital de Antígua e Barbuda); “Tel Aviv”; etc.
Uso de hífen
As regras de uso do hífen em vigor mantêm a obrigatoriedade nos seguintes casos:
a) em compostos iniciados por numeral ordinal - primeiro-ministro; segunda-secretária; terceiros-secretários; primeira-secretaria, etc.;
b) em gentílicos - centro-africano; latino-americano; norte-americano; norte-coreano; sul-americano, sul-africano, sul-coreano, etc.;
c) nos nomes de instituições e cargos compostos pelo adjetivo “geral” - Procuradoria-Geral; secretário-geral; subsecretário-geral; consulado-geral; cônsul-geral; coordenação-geral; coordenadora-geral, etc. (mas, como apontado acima, a expressão assembleia geral não leva hífen);
d) nos compostos com “ex-” ou “vice-” - ex-primeira-ministra; ex-vice-presidente; vice-cônsules; vice-consulado, etc.
Segue lista exemplificativa de expressões que mantém o hífen, segundo o VOLP:
Entre os nomes de países, escrevem-se com hífen apenas Guiné-Bissau, República Centro-Africana e Timor-Leste.
Os nomes em francês não aportuguesados são escritos com hífen uma vez que, naquela língua, o hífen em geral é obrigatório: “Porto-Novo” (capital do Benin); “Port-au-Prince” (nome francês de Porto Príncipe, capital do Haiti); “Saint-Georges-de-l'Oyapock”, etc.
Utiliza-se hífen para indicar a ligação de tempo entre dois termos:
- O período junho-julho de 2004 não assistiu a um sucesso econômico tão surpreendente quanto o semestre anterior daquele ano.
- Os resultados totalmente disponíveis do biênio 2003-2004 permitem aos cidadãos uma avaliação inicial consistente dos governos eleitos em 2002.
Também se utiliza hífen para indicar ligação de espaço entre dois termos; bem como para acordo, relação.
- O acordo MERCOSUL-União Europeia.
- O desenvolvimento econômico brasileiro se deu no sentido sul-norte.
- A delicada situação mundial quanto ao processo de enriquecimento de urânio no Irã abala ainda mais as relações ocidentais-orientais.