Colocação pronominal: mudanças entre as edições

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Fonte: CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 3ª edição, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.  
(Fonte: CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. ''Nova Gramática do Português Contemporâneo''. 3ª edição, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001; ALMEIDA, Nílson Teixeira de. ''Gramática Completa para Concursos e Vestibulares''. 2ª edição, São Paulo: Saraiva, 2009; https://www.normaculta.com.br/locucao-adverbial/)
   
   
===Tipos de colocação pronominal===
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Em relação ao verbo, o pronome átono pode estar:
Em relação ao verbo, o pronome átono pode estar:
   
   
a) ENCLÍTICO (isto é, depois dele; essa é a regra em língua portuguesa):
a) ENCLÍTICO (isto é, depois dele; essa é a regra em língua portuguesa):
“Calei-me”.
“Calei-me”
   
   
Sendo o pronome átono objeto direto ou indireto do verbo, a sua posição lógica, normal, é a ênclise
Sendo o pronome átono objeto direto ou indireto do verbo, a sua '''posição lógica, normal, é a ênclise'''.
   
   
b ) PROCLÍTICO,
b) PROCLÍTICO (isto é, antes dele):
isto é, antes dele:
“Eu me calei"
“Eu me calei.
   
   
c) MESOCLÍTICO,
c) MESOCLÍTICO (ou seja, no meio dele, colocação que só é possível com formas do futuro do presente ou do futuro do pretérito):
ou seja, no meio dele, colocação que só é possível com formas do futuro do
“Calar-me-ei”
presente ou do futuro do pretérito:
“Calar-me-ia”  
“Calar-me-ei”.
 
“Calar-me-ia”.
 
===Fatores que flexibilizam a regra de ênclise===
----
 
 
====Com um só verbo====


Fatores que flexibilizam a regra de ênclise:  
1. Quando o verbo está no FUTURO DO PRESENTE ou no FUTURO DO PRETÉRITO: somente PRÓCLISE ou MESÓCLISE do pronome.


Com um só verbo
[Nestes dois casos, o pronome pessoal reto obriga a próclise]
1. Quando o verbo está no FUTURO DO PRESENTE ou no FUTURO DO PRETÉRITO: somente PRÓCLISE ou MESÓCLISE do pronome


Eu me calarei.
: Eu me calarei.
Eu me calaria [Neste dois casos, o pronome pessoal reto obriga a próclise].
: Eu me calaria.  


Calar-me-ei.
Calar-me-ia.


2. Fator que obriga a PRÓCLISE, a saber:  
: Calar-me-ei.
Orações que contêm palavra negativa (não, nunca, jamais, ninguém, nada, etc.) sem pausa entre a referida palavra e o verbo:
: Calar-me-ia.


— Não lhes dizia eu?
(M. de Sá-Carneiro, CF, 348.)
Nunca o vi tão sereno e obstinado.
(C. dos Anjos, M, 316.)


Orações iniciadas com pronomes ou advérbios interrogativos:
2. Fator que obriga a PRÓCLISE, a saber:  


Quem me busca a esta hora tardia?
a) Orações que contêm palavra negativa (não, nunca, jamais, ninguém, nada, etc.) sem pausa entre a referida palavra e o verbo:
(M. Bandeira, PP, I, 406.)


— Por que te assustas de cada vez?
: Não lhes dizia eu?
(J. Régio, JA, 98.)
: Nunca o vi tão sereno e obstinado.


Orações exclamativas ou que exprimem desejo:


Que o vento te leve os meus recados de saudade.
b) Orações iniciadas com pronomes ou advérbios interrogativos:
(F. Namora, RT, 89.)


Que Deus o abençoe!
: Quem me busca a esta hora tardia?
(B. Santareno, TPM, 18.)
: Por que te assustas de cada vez?


Orações subordinadas desenvolvidas, ainda que a conjunção esteja oculta:


Quando me deitei, à meia-noite, os preços estavam à altura do pescoço.
c) Orações exclamativas ou que exprimem desejo:
(C. Drummond de Andrade, BV, 20.)


Que é que desejas te mande do Rio?
: Que o vento te leve os meus recados de saudade.
(A. Peixoto, RC, 174.)
: Que Deus o abençoe!


Gerúndio regido da preposição “em”:


— Em lhe cheirando a homem chulo é com ele.
d) Orações subordinadas desenvolvidas, ainda que a conjunção esteja oculta:
(Machado de Assis, OC, I, 755.)


3.  Não há ênclise ou próclise com PARTICÍPIOS. Quando o PARTICÍPIO vem desacompanhado de auxiliar, usa-se sempre a forma oblíqua regida de preposição.  
: Quando me deitei, à meia-noite, os preços estavam à altura do pescoço.
: Que é que desejas te mande do Rio?


Ex: Dada a mim a explicação, saiu.
4. Com os infinitivos, PRÓCLISE e ÊNCLISE são válidas, embora haja tendência para esta colocação pronominal.
Canta-me cantigas para me embalar!
(Guerra Junqueiro, S, 118.)
Para não fitá-lo, deixei cair os olhos.
(Machado de Assis, OC, I, 807.)


A ênclise é ainda mais empregada quando o pronome tem a forma “o” (principalmente no feminino “a”) e o infinitivo vem regido pela preposição “a”
e) Gerúndio regido da preposição “em”:


Se soubesse, não continuaria a lê-lo.
: Em lhe cheirando a homem chulo é com ele.
(R. Barbosa, EDS, 743.)
Logo os outros, Camponeses e Operários, começam a imitá-la .
(B. Santareno, TPM, 120.)


5. Celso Cunha ainda identifica uma tendência à PRÓCLISE pronominal nos seguintes casos:


Advérbios (bem, mal, ainda, já, sempre, só, talvez) ou expressões adverbiais sem pausa que os separe.  
3. Não há ênclise ou próclise com PARTICÍPIOS. Quando o PARTICÍPIO vem desacompanhado de auxiliar, usa-se sempre a forma oblíqua regida de preposição.  


Até a voz, dentro em pouco, já me parecia a mesma.
: Dada a mim a explicação, saiu.
(Machado de Assis, OC, I, 858.)
Só depois se senta no chão a chorar.
(Alves Redol, MB, 255.)


orações em ordem inversa iniciada por objeto direto ou predicativo


Tiram mais que na ceifa; isso te digo eu.
4. Com os infinitivos, PRÓCLISE e ÊNCLISE são válidas, embora haja tendência para esta colocação pronominal.  
(Alves Redol, G, 108.)


Sujeito anteposto ao verbo com o numeral “ambos” ou pronomes indefinidos (todo, tudo, alguém, outro, qualquer, etc.)
: Canta-me cantigas para me embalar!
: Para não fitá-lo, deixei cair os olhos.


Alguém lhe bate nas costas.
(A. M. Machado, JT, 208.)


orações alternativas (ou / ora)  
A ênclise é ainda mais empregada quando o pronome tem a forma “o” (principalmente no feminino “a”) e o infinitivo vem regido pela preposição “a”


Das duas uma: ou as faz ela ou as faço eu.
: Se soubesse, não continuaria a lê-lo.
(Sttau Monteiro, AP], 39.)
: Logo os outros, Camponeses e Operários, começam a imitá-la.


Com uma locução verbal
 
5. A PRÓCLISE pronominal pode ser também utilizada nos seguintes casos:
 
a) Advérbios (bem, mal, ainda, já, sempre, só, talvez) ou expressões ou locuções adverbiais sem pausa que os separe.
 
: Até a voz, dentro em pouco, já me parecia a mesma.
: Só depois se senta no chão a chorar.
 
 
b) Orações em ordem inversa iniciada por objeto direto ou predicativo.
 
: Tiram mais que na ceifa; isso te digo eu.
 
 
c) Sujeito anteposto ao verbo com o numeral “ambos” ou pronomes indefinidos (todo, tudo, alguém, outro, qualquer, etc.)
 
: Alguém lhe bate nas costas.
 
 
d) Orações alternativas (ou / ora)
 
: Das duas uma: ou as faz ela ou as faço eu.
 
 
ADVÉRBIOS E LOCUÇÕES ADVERBIAIS:
 
Com relação aos advérbios e locuções adverbiais (item 5, alínea "a", acima), cumpre ressaltar que só se requer a próclise quendo não há pausa (vírgula, por exemplo) que os separe do verbo pronominal. Em geral, utiliza-se uma pausa após o advérbio ou a locução adverbial, caso em que se requer a ênclise. Por exemplo: : "Desde cedo, notabilizou-se por sua grande inteligência", mas “Desde cedo se notabilizou por sua grande inteligência”.
 
Segundo distintas gramáticas, os advérbios e locuções adverbiais podem ser classificados como de afirmação, de dúvida, de intensidade, de lugar, de modo, de negação e de tempo. Seguem alguns exemplos:
 
 
Advérbios e locuções adverbiais de afirmação:
 
: com certeza; com efeito; certamente; de fato; efetivamente; na verdade; por certo; realmente; sem dúvida, sim; etc.
 
 
Advérbios e locuções adverbiais de dúvida:
 
: acaso; com certeza; porventura; possivelmente; provavelmente; quem sabe; quiçá; talvez, etc.
 
 
Advérbios e locuções adverbiais de intensidade:
 
: apenas; assaz; bastante; bem; demais; demasiadamente; de muito; de pouco; de todo; em demasia; em excesso; mais; meio; menos; muito; pouco; quanto; quase; só; somente; tão; tão somente; todo; etc.
 
 
Advérbios e locuções adverbiais de lugar:
 
: abaixo; acima; acolá; adiante; à direita; à esquerda; à frente; aí; além; ali; ao lado; aqui; aquém; atrás; através; de fora; de longe; dentro; de perto; em cima; em volta; fora; longe; para onde; perto; por ali; por aqui; por dentro; por fora; por perto; etc.
 
 
Advérbios e locuções adverbiais de modo:
 
: ao acaso; ao contrário; ao leo; às claras; às ocultas; a sós; às pressas; assim; à toa; à vontade; bem; debalde; depressa; devagar; em silêncio; em vão; frente a frente; lado a lado; mal; melhor; pior; etc., e quase todos os terminados no sufixo -mente (calmamente, alegremente, etc.).
 
 
Advérbios e locuções adverbiais de negação:
 
: de forma alguma; de jeito nenhum; de maneira nenhuma; de modo algum; não; etc.
 
 
Advérbios e locuções adverbiais de tempo:
 
: agora; ainda; amanhã; à noite; anteontem; antes; à tarde; às vezes; breve; cedo; de dia; de manhã; de noite; depois; de quando em quando; de repente; de súbito; de vez em quando; em breve; então; já; jamais; hoje; logo; nunca; ontem; outrora; pela manhã; raramente; sempre; tarde; etc. 
 
 
 
====Com uma locução verbal====


Locuções verbais com verbo principal no INFINITIVO ou no GERÚNDIO permitem:  
Locuções verbais com verbo principal no INFINITIVO ou no GERÚNDIO permitem:  


1. SEMPRE a ÊNCLISE
1. SEMPRE a ÊNCLISE


O roupeiro veio interromper-me.
: O roupeiro veio interromper-me.
(R. Pompéia, A, 37.)
: Ia desenrolando-se a paisagem.


Ia desenrolando-se a paisagem.
(R. Correia, PCP, 304.)


2. A PRÓCLISE ao verbo auxiliar ocorre quando há elemento que a justifique, a saber:
2. A PRÓCLISE ao verbo auxiliar ocorre quando há elemento que a justifique, a saber:


a) Palavra negativa
a) Palavra negativa


Ninguém o havia de dizer.
: Ninguém o havia de dizer.
(A. Ribeiro, M, 68.)
: Rita é minha irmã, não me ficaria querendo mal e acabaria rindo também.
 
 
b) Pronomes ou advérbios interrogativos


Rita é minha irmã, não me ficaria querendo mal e acabaria rindo
: Que é que me podia acontecer?
também.
(Machado de Assis, OC, I, 1051.)




b) Pronomes ou advérbios interrogativos
c) Orações iniciadas por palavras exclamativas ou orações que exprimem desejo (optativas)


Que é que me podia acontecer?
: Deus nos há de proteger!
(G. Ramos, A, 152.)


Orações iniciadas por palavras exclamativas ou orações que exprimem desejo (optativas)


Deus nos há de proteger!
d) Orações subordinadas desenvolvidas, inclusive com conjunção oculta


Orações subordinadas desenvolvidas, inclusive com conjunção oculta
: O sufrágio que me vai dar será para mim uma consagração.
: Ega subiu ao seu quarto, onde outro criado lhe estava preparando o banho.


O sufrágio que me vai dar será para mim uma consagração.
(E. da Cunha, OC, II, 634.)


Ega subiu ao seu quarto, onde outro criado lhe estava preparando o
3. A ÊNCLISE ao verbo auxiliar é possível quando não há elemento atrativo de PRÓCLISE:
banho.
(Eça de Queirós, O, II, 329.)


3. A ÊNCLISE ao verbo auxiliar é possível quando não há elemento atrativo de PRÓCLISE:
: Ia-me esquecendo dela.


Ia-me esquecendo dela.
(G. Ramos, AOH, 40.)


Quando o verbo principal está no PARTICÍPIO, o pronome átono não pode ser enclítico a ele, portanto, o pronome deverá ser PROCLÍTICO ou ENCLÍTICO ao verbo auxiliar.   
Quando o verbo principal está no PARTICÍPIO, o pronome átono não pode ser enclítico a ele, portanto, o pronome deverá ser PROCLÍTICO ou ENCLÍTICO ao verbo auxiliar.   


Tenho-o trazido sempre, só hoje é que o viste?
: Tenho-o trazido sempre, só hoje é que o viste?
(M. J. de Carvalho, TM, 152.)
: Arrependa-se do que me disse, e tudo lhe será perdoado.
Arrependa-se do que me disse, e tudo lhe será perdoado.
(Machado de Assis, OC, I, 645.)


Dessa forma, existem três posições possíveis para o pronome em locuções verbais: próclise ao auxiliar, ênclise ao auxiliar (com hífen) e ênclise ao principal (com hífen). Embora a próclise ao verbo principal seja o mais corrente na língua falada no Brasil, a referida construção não é corroborada pela norma culta.
Dessa forma, existem três posições possíveis para o pronome em locuções verbais: próclise ao auxiliar, ênclise ao auxiliar (com hífen) e ênclise ao principal (com hífen). Embora a próclise ao verbo principal seja o mais corrente na língua falada no Brasil, a referida construção não é corroborada pela norma culta.
: Exemplos de locuções verbais:
: “O aluno se deve aplicar” (hipótese de próclise correta),
: “O aluno deve-se aplicar” (hipótese de ênclise no verbo auxiliar correta),
: “O aluno deve aplicar-se” (hipótese de ênclise no verbo principal correta),
: Hipótese errada: “o aluno deve se aplicar” (hipótese de próclise no verbo principal errada)
: Exemplos adaptados do livro ''Português instrumental'', de Dileta Silveira Martins e Lúbia Scliar Zilberknop.
: Regra: no registro formal, não se deve jamais iniciar uma oração com um pronome oblíquo átono (me, te, se, o, a, lhe, os, as, lhes, nos e vos).
: Exemplos: “Falei-lhe sobre o tema”, “Mostrou-me o livro”, “Desculpe-me o atrevimento”, “Fi-lo porque o quis”.

Edição atual tal como às 13h26min de 5 de junho de 2020

(Fonte: CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 3ª edição, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001; ALMEIDA, Nílson Teixeira de. Gramática Completa para Concursos e Vestibulares. 2ª edição, São Paulo: Saraiva, 2009; https://www.normaculta.com.br/locucao-adverbial/)


Tipos de colocação pronominal



Em relação ao verbo, o pronome átono pode estar:


a) ENCLÍTICO (isto é, depois dele; essa é a regra em língua portuguesa): “Calei-me”

Sendo o pronome átono objeto direto ou indireto do verbo, a sua posição lógica, normal, é a ênclise.

b) PROCLÍTICO (isto é, antes dele): “Eu me calei"

c) MESOCLÍTICO (ou seja, no meio dele, colocação que só é possível com formas do futuro do presente ou do futuro do pretérito): “Calar-me-ei” “Calar-me-ia”


Fatores que flexibilizam a regra de ênclise



Com um só verbo

1. Quando o verbo está no FUTURO DO PRESENTE ou no FUTURO DO PRETÉRITO: somente PRÓCLISE ou MESÓCLISE do pronome.

[Nestes dois casos, o pronome pessoal reto obriga a próclise]

Eu me calarei.
Eu me calaria.


Calar-me-ei.
Calar-me-ia.


2. Fator que obriga a PRÓCLISE, a saber:

a) Orações que contêm palavra negativa (não, nunca, jamais, ninguém, nada, etc.) sem pausa entre a referida palavra e o verbo:

Não lhes dizia eu?
Nunca o vi tão sereno e obstinado.


b) Orações iniciadas com pronomes ou advérbios interrogativos:

Quem me busca a esta hora tardia?
Por que te assustas de cada vez?


c) Orações exclamativas ou que exprimem desejo:

Que o vento te leve os meus recados de saudade.
Que Deus o abençoe!


d) Orações subordinadas desenvolvidas, ainda que a conjunção esteja oculta:

Quando me deitei, à meia-noite, os preços estavam à altura do pescoço.
Que é que desejas te mande do Rio?


e) Gerúndio regido da preposição “em”:

Em lhe cheirando a homem chulo é com ele.


3. Não há ênclise ou próclise com PARTICÍPIOS. Quando o PARTICÍPIO vem desacompanhado de auxiliar, usa-se sempre a forma oblíqua regida de preposição.

Dada a mim a explicação, saiu.


4. Com os infinitivos, PRÓCLISE e ÊNCLISE são válidas, embora haja tendência para esta colocação pronominal.

Canta-me cantigas para me embalar!
Para não fitá-lo, deixei cair os olhos.


A ênclise é ainda mais empregada quando o pronome tem a forma “o” (principalmente no feminino “a”) e o infinitivo vem regido pela preposição “a”

Se soubesse, não continuaria a lê-lo.
Logo os outros, Camponeses e Operários, começam a imitá-la.


5. A PRÓCLISE pronominal pode ser também utilizada nos seguintes casos:

a) Advérbios (bem, mal, ainda, já, sempre, só, talvez) ou expressões ou locuções adverbiais sem pausa que os separe.

Até a voz, dentro em pouco, já me parecia a mesma.
Só depois se senta no chão a chorar.


b) Orações em ordem inversa iniciada por objeto direto ou predicativo.

Tiram mais que na ceifa; isso te digo eu.


c) Sujeito anteposto ao verbo com o numeral “ambos” ou pronomes indefinidos (todo, tudo, alguém, outro, qualquer, etc.)

Alguém lhe bate nas costas.


d) Orações alternativas (ou / ora)

Das duas uma: ou as faz ela ou as faço eu.


ADVÉRBIOS E LOCUÇÕES ADVERBIAIS:

Com relação aos advérbios e locuções adverbiais (item 5, alínea "a", acima), cumpre ressaltar que só se requer a próclise quendo não há pausa (vírgula, por exemplo) que os separe do verbo pronominal. Em geral, utiliza-se uma pausa após o advérbio ou a locução adverbial, caso em que se requer a ênclise. Por exemplo: : "Desde cedo, notabilizou-se por sua grande inteligência", mas “Desde cedo se notabilizou por sua grande inteligência”.

Segundo distintas gramáticas, os advérbios e locuções adverbiais podem ser classificados como de afirmação, de dúvida, de intensidade, de lugar, de modo, de negação e de tempo. Seguem alguns exemplos:


Advérbios e locuções adverbiais de afirmação:

com certeza; com efeito; certamente; de fato; efetivamente; na verdade; por certo; realmente; sem dúvida, sim; etc.


Advérbios e locuções adverbiais de dúvida:

acaso; com certeza; porventura; possivelmente; provavelmente; quem sabe; quiçá; talvez, etc.


Advérbios e locuções adverbiais de intensidade:

apenas; assaz; bastante; bem; demais; demasiadamente; de muito; de pouco; de todo; em demasia; em excesso; mais; meio; menos; muito; pouco; quanto; quase; só; somente; tão; tão somente; todo; etc.


Advérbios e locuções adverbiais de lugar:

abaixo; acima; acolá; adiante; à direita; à esquerda; à frente; aí; além; ali; ao lado; aqui; aquém; atrás; através; de fora; de longe; dentro; de perto; em cima; em volta; fora; longe; para onde; perto; por ali; por aqui; por dentro; por fora; por perto; etc.


Advérbios e locuções adverbiais de modo:

ao acaso; ao contrário; ao leo; às claras; às ocultas; a sós; às pressas; assim; à toa; à vontade; bem; debalde; depressa; devagar; em silêncio; em vão; frente a frente; lado a lado; mal; melhor; pior; etc., e quase todos os terminados no sufixo -mente (calmamente, alegremente, etc.).


Advérbios e locuções adverbiais de negação:

de forma alguma; de jeito nenhum; de maneira nenhuma; de modo algum; não; etc.


Advérbios e locuções adverbiais de tempo:

agora; ainda; amanhã; à noite; anteontem; antes; à tarde; às vezes; breve; cedo; de dia; de manhã; de noite; depois; de quando em quando; de repente; de súbito; de vez em quando; em breve; então; já; jamais; hoje; logo; nunca; ontem; outrora; pela manhã; raramente; sempre; tarde; etc.


Com uma locução verbal

Locuções verbais com verbo principal no INFINITIVO ou no GERÚNDIO permitem:

1. SEMPRE a ÊNCLISE

O roupeiro veio interromper-me.
Ia desenrolando-se a paisagem.


2. A PRÓCLISE ao verbo auxiliar ocorre quando há elemento que a justifique, a saber:

a) Palavra negativa

Ninguém o havia de dizer.
Rita é minha irmã, não me ficaria querendo mal e acabaria rindo também.


b) Pronomes ou advérbios interrogativos

Que é que me podia acontecer?


c) Orações iniciadas por palavras exclamativas ou orações que exprimem desejo (optativas)

Deus nos há de proteger!


d) Orações subordinadas desenvolvidas, inclusive com conjunção oculta

O sufrágio que me vai dar será para mim uma consagração.
Ega subiu ao seu quarto, onde outro criado lhe estava preparando o banho.


3. A ÊNCLISE ao verbo auxiliar é possível quando não há elemento atrativo de PRÓCLISE:

Ia-me esquecendo dela.


Quando o verbo principal está no PARTICÍPIO, o pronome átono não pode ser enclítico a ele, portanto, o pronome deverá ser PROCLÍTICO ou ENCLÍTICO ao verbo auxiliar.

Tenho-o trazido sempre, só hoje é que o viste?
Arrependa-se do que me disse, e tudo lhe será perdoado.

Dessa forma, existem três posições possíveis para o pronome em locuções verbais: próclise ao auxiliar, ênclise ao auxiliar (com hífen) e ênclise ao principal (com hífen). Embora a próclise ao verbo principal seja o mais corrente na língua falada no Brasil, a referida construção não é corroborada pela norma culta.


Exemplos de locuções verbais:
“O aluno se deve aplicar” (hipótese de próclise correta),
“O aluno deve-se aplicar” (hipótese de ênclise no verbo auxiliar correta),
“O aluno deve aplicar-se” (hipótese de ênclise no verbo principal correta),
Hipótese errada: “o aluno deve se aplicar” (hipótese de próclise no verbo principal errada)
Exemplos adaptados do livro Português instrumental, de Dileta Silveira Martins e Lúbia Scliar Zilberknop.


Regra: no registro formal, não se deve jamais iniciar uma oração com um pronome oblíquo átono (me, te, se, o, a, lhe, os, as, lhes, nos e vos).
Exemplos: “Falei-lhe sobre o tema”, “Mostrou-me o livro”, “Desculpe-me o atrevimento”, “Fi-lo porque o quis”.