Maiúsculas e minúsculas

De Manual de Redação - FUNAG
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(Manual de Redação do Itamaraty)


O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em pleno vigor desde 1º de janeiro de 2016, determina o uso de inicial minúscula “ordinariamente, em todos os vocábulos da língua nos usos correntes”, excetuados apenas os nomes próprios, inclusive de instituições, as siglas e os símbolos.


Minúsculas



Iniciais minúsculas: regra geral

Devem ser escritos, portanto, com inicial minúscula todas as palavras da língua que não são nomes próprios – o que inclui, entre outros: os nomes dos meses (23 de julho), dos dias da semana (sexta-feira) e das estações (primavera); os nomes de línguas (russo e espanhol); de povos e etnias (os franceses, os ianomâmis); de religiões (professa o islamismo; o ministro é católico); de doenças (o ebola); de moedas (O euro valorizou-se em relação ao iene); e de profissões (Ela é diplomata; O primeiro-ministro recebeu o embaixador; O secretário-geral do Itamaraty atua como ministro interino das Relações Exteriores na ausência do titular da pasta; O presidente da República é a máxima autoridade do país). Como se nota nos exemplos, usa-se a minúscula nos cargos, mas a maiúscula mantém-se nos nomes de instituições (e nas partes de nomes de instituições usadas em combinação com nomes de cargos).

Por serem também substantivos comuns, devem escrever-se com minúscula inicial, entre outras, as seguintes palavras: artigo (“...com base no artigo 84 da Constituição Federal...”), consulado, chefia, chefe, chefe de estado, chefe de governo, delegação, diretor, exterior (“Os postos no exterior”), governo (“O governo brasileiro saúda o governo e povo da...”), governos, município, oficial, país (mesmo quando em referência ao Brasil), países-membros, posto, presidente, repartição consular, representação diplomática, representação consular, subchefe, subchefia, etc.

Exceção: Estado, Estados membros, chefe de Estado. A maioria dos dicionários da língua portuguesa recomenda escrever Estado com maiúscula.


Minúsculas em cargos e postos

A ortografia anteriormente em vigor no Brasil recomendava o uso da maiúscula nos nomes dos “altos cargos, dignidades ou postos”; pelo novo acordo ortográfico, os cargos e postos devem grafar-se com minúscula inicial.

Assim, recomenda-se que nas informações para público externo, para a imprensa, etc., siga-se a regra oficial, já seguida pelos órgãos de comunicações da Presidência da República e do Congresso Nacional e pela imprensa brasileira e portuguesa em geral de grafar com inicial minúscula os nomes de cargos, reservando o uso de maiúsculas para as instituições: o Senado (mas: o senador; os senadores; a senadora Fulana de Tal); o ministro da Educação (mas: o Ministério da Educação); o doutor; a oficial de chancelaria; o professor; o primeiro-ministro; a chanceler; o arcebispo de Buenos Aires; o embaixador do Brasil na Itália; o vice-presidente Fulano de Tal; o papa Francisco; o patriarca de Moscou; etc.


Minúsculas com títulos, profissões e axiônimos

Recomenda-se usar minúsculas nos nomes de títulos e profissões: barão, visconde, secretário, papa, cardeal, padre, rei, príncipe, duque, doutor, senhor.

Exceção: Pronomes de tratamento são grafados com maiúsculas: Vossa Excelência, Vossa Majestade, Vossa Santidade, etc.

Atenção: A abreviatura de axiônimos deve ser escrita com maiúsculas: Sr., Sra., Dr., Dra.


Maiúsculas



Maiúsculas em nomes de instituições

A inicial maiúscula poderá ser usada nos títulos de instituições tratadas como nomes próprios: “a Embaixada do Brasil em Quito”, “o Consulado-Geral do Brasil em Xangai”, “o Ministério das Relações Exteriores”, “a Organização”, “a Divisão de Pagamentos”, “a Delegação Permanente do Brasil”, “a Universidade de Brasília”, “a Igreja [Anglicana, Católica, etc.]”, etc. Pode-se também usar a maiúscula inicial mesmo quando o substantivo for usado desprovido de seu complemento, desde que este esteja subentendido: “a Embaixada”, “o Consulado-Geral”, “o Ministério”, “a Divisão”, “a Delegação”, “a Constituição” (por “a Constituição Federal de 1988”, etc.), “o presidente da República” (por “da República Federativa do Brasil”), etc.

As regras ortográficas anteriormente vigentes recomendavam o uso de maiúsculas “nos nomes que designam altos conceitos políticos ou nacionalistas”. Com a revogação dessa regra pela entrada em vigor do novo acordo ortográfico, o uso da maiúscula se restringe aos nomes próprios, e devem escrever-se com inicial minúscula os substantivos comuns: “o governo”, “o país”, “a língua portuguesa”, etc.


Maiúsculas e minúsculas em títulos (Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa)

Nos títulos de livros, dissertações, teses, etc. em português, apenas a primeira letra deve ser escrita com maiúscula, à exceção de nomes próprios que se encontrem no interior do título.

O sol é para todos
Memórias póstumas de Brás Cubas


Maiúsculas e minúsculas em “lei”, “acordo”, “tratado”

Ainda de acordo com a ortografia oficial, “lei”, “acordo”, “tratado”, como todos os demais substantivos comuns, se escrevem com inicial minúscula: “A lei que disciplinava a matéria foi revogada em 1999”; “O Brasil já havia então firmado tratados de navegação e acordos de comércio com a maior parte de seus vizinhos”.

Poderão levar maiúscula quando identificadas por um nome próprio (“a Lei Maria da Penha”; “a Lei de Acesso à Informação”) – o que inclui, apenas no caso das leis, sua identificação por números: “a Lei nº 11.440”.

Note-se a diferença no uso de maiúsculas entre construções como “Foram assinados oito acordos bilaterais, incluído um acordo de livre comércio” e “o Acordo Básico de Cooperação Técnica entre o Brasil e a Colômbia foi firmado em 13 de dezembro de 1972”.

Demais palavras, como “artigo”, “inciso” e “parágrafo”, mantêm a inicial minúscula, independentemente de estarem numerados: “De acordo com o artigo 84, inciso XXV, da Constituição Federal, e com o disposto no artigo 39, combinado com o artigo 41, da Lei nº 11.440, de 29 de dezembro de 2006, submeto à apreciação de Vossa Excelência...”.


Maiúsculas e minúsculas em pontos cardeais

Escrevem-se com minúsculas os nomes dos pontos cardeais – exceto quando são nomes próprios de uma região: “Joinville situa-se no nordeste de Santa Catarina”, mas “O Maranhão é o segundo maior estado do Nordeste” (subentendida: a Região Nordeste do Brasil).


Maiúsculas e minúsculas com acidentes geográficos

Também os nomes de acidentes geográficos seguem a regra geral: escrevem-se com inicial minúsculas quando usados em sentido geral, e com inicial maiúscula quando fazem parte de nomes próprios: o Rio Amazonas; o Oceano Atlântico; o Estreito de Malaca; o Golfo de Bengala; o Mar Amarelo; o Canal de Suez; a Baía de Guanabara; o Monte Roraima; o Pico da Neblina.

Por convenção, escrevem-se com minúscula “deserto” (“o deserto do Saara”, “o deserto de Gobi”, “o deserto do Atacama”) e “ilha(s)”, que se recomenda escrever com inicial maiúscula apenas quando formam parte de nome político oficial: escrevam-se, assim, “Ilhas Cook”, “Ilhas Marshall” e “Ilhas Salomão” – pois esses são os nomes oficiais desses três países; mas, por outro lado: “as ilhas Fiji”; “nas ilhas Comores”, pois, nestes dois casos, o substantivo “ilhas” não faz parte dos nomes oficiais dos países (respectivamente: “República de Fiji” e “União das Comores”).


Maiúsculas em períodos históricos

Usas maiúsculas em períodos históricos como Brasil Colônia e Brasil Império.